Acabo de ver em meu diário uma foto que meu irmão me deu. Estou sorrindo, vestindo meu casaco preto preferido, embaixo de uma placa do metrô de New York que mostra em letras vermelhas luminosas: “Wednesday, December 9”. Meu aniversário em 2009. Meus ex-patrões me deram o dia de folga e passei-o na companhia de parte da minha família após tantos anos separados pela distância. Foi um dia muito especial.
Toda vez que olho essa foto não consigo deixar de pensar na brevidade da vida. Apenas sete quartas-feiras depois, fui levada por uma ambulância à emergência do Elmhurst Hospital e esse lugar passou a ser a “minha casa” durante o mês seguinte em resultado de um grave atropelamento. Hoje, o mesmo casaco preto que eu tanto gostava está no meu armário com o que sobrou das roupas que usava naquele dia - rasgados dentro de dois sacos plásticos etiquetados com meu nome e a data. Sim, é verdade, preciso ser grata por estar viva! Mas por bem pouco poderia não estar mais. E não posso deixar de refletir nisso todas as vezes que olho para as cicatrizes adquiridas e para algumas fotografias.
E você? Por acaso sabe onde estará daqui sete semanas? Sabe ao menos onde estará ao anoitecer hoje? O dia do meu acidente começou como qualquer outra quarta-feira anterior. Fiz todos os trabalhos que fazia. Encontrei todas as pessoas que sempre via. Fui pegar o ônibus para voltar para casa como sempre... mas jamais se quer pisei novamente naquela casa e nunca mais tive condições físicas para voltar aos meus trabalhos.
Tem você feito muitos planos e mantido a agenda lotada, pensando nos investimentos que quer fazer, nos diplomas que quer adquirir, na casa espaçosa que quer comprar para a sua família um dia... sem nem mesmo saber se voltará para casa hoje?
Não há nada errado em sonhos e planos pois eles organizam e motivam a nossa vida. Mas minha pergunta para você é: tem o futuro sido mais importante que o presente? Tem espaço na sua agenda para passar meia hora diária conversando sobre coisas agradáveis abraçado com sua esposa ou fazendo uma caminhada na natureza com os seus filhos sem o celular ou qualquer outro eletrônico por perto? A conversa em sua casa tem somente se limitado a contas, tarefas e cobranças? Tem tirado tempo para deitar debaixo de uma árvore com o celular desligado e conversar com Deus olhando o céu? Por acaso isso lhe soa como desperdício de tempo ao lembrar de sua agenda lotada?
A rotina nos engole, a pressão nos massacra, a sociedade nos cobra e não nos damos conta de que, sem querer ou perceber, Deus e as pessoas mais importantes da nossa vida vão passando para segundos e décimos planos em nossas prioridades diárias. E ainda achamos que elas precisam entender que estamos fazendo todo esse sacrifício por elas!... Será? Ainda vai existir uma família feliz quando a casa dos sonhos chegar? Vai ter sobrado alguma coisa nos seus relacionamentos depois de todas as noites perdidas no escritório ou viajando a negócios ou em frente a uma televisão ou computador?
Quando menos esperamos, descobrimos que o casamento está em crise, que o filho cresceu e se tornou um desconhecido, que nossos pais envelheceram, e escutamos o diagnóstico de uma doença cruel que bateu à nossa porta. A essa altura Deus já parece tão distante!... E não pense que isso só acontece na vida dos outros. Eu também achava que se sempre obedecesse ao semáforo, jamais seria atropelada!
Pergunte-se: “há algo que preciso mudar?” Faça-o hoje. Melhor, faça-o AGORA mesmo. Porque ninguém, a não ser Deus, sabe como terminará o seu dia. Aproveite cada minuto. Porque eles são tão valiosos quanto você e as pessoas que Deus colocou em sua vida!
Min. Pessoal - Kenia Kopitar
